Considerado brutal para as cacholas de todos os estilos, este problema era, acima de tudo, visto como um incrível golpe, do qual Rui de Barros lamentava não conseguirem esquivar-se os literatos de valor.
E dramatizava: «há-de chegar um dia em que não se encontrará no mundo um romancista, embora um novo Diógenes acenda a sua lanterna e trate de o procurar como rara avis, pois é muito difícil encontrar homens dispostos a exercer uma profissão que não rende nada».
Curiosamente, a verdade é que os responsáveis do monárquico Diario Illustrado, também eles editores de obras não periódicas, talvez levados pela constatação destes pressupostos, tomariam a decisão de eliminar, entre outras rubricas, uma página literária semanal, que haviam mantido durante décadas, o que terá contribuído para alterar drasticamente a sua inicial e eclética estrutura editorial, dando corpo a um outro jornal, a partir de então, praticamente reduzido aos assuntos da política partidária.
E este facto, associado à progressiva pressão de uma opinião pública cansada do Rotativismo e, depois, entusiasmada com a implantação da República, revelar-se-ia uma atitude suicida: o jornal, onde Rui de Barros via impressas as suas crónicas, acabaria por encerrar portas e não consta que as questões ali levantadas tivessem tido uma resposta convincente.
A ideia de que as famílias não se dispunham a despender dinheiro em livros, dado que nos jornais encontravam tudo o que necessitavam saber sobre política, ciências, literatura e artes, não justificava completamente aquela a que Rui de Barros chamava a Waterloo preparada pelos jornais. E o próprio tinha consciência disso quando discorria sobre as preocupantes e contraditórias exigências sociais da altura: