Se a iniciativa da fundação da Imprensa da Universidade de Coimbra e da Impressão Regia, que inicia a sua actividade em 1769, representa o início de uma espécie de renascimento da tipografia em Portugal, por outro lado, a imprensa, vista de uma forma mais global, não se pode confinar a estes dois factos, apesar do enorme impacto que, naturalmente, provocaram nas restantes oficinas particulares. Isto porque, no contexto da evolução da lógica mercantilista imposta pela política dominante, estas duas grandes tipografias do estado passaram a impor-se como modelos e, no caso concreto da Impressão Regia, não só representou o modelo, como, através da Junta do Commercio, impôs regras e obrigações na aquisição de caracteres e outro material tipográfico, condicionou o estabelecimento de novas oficinas e assumiu-se como o principal concorrente das tipografias particulares. Por exemplo, José António da Silva, um dos mestres que, como já referimos, avaliou a oficina de Miguel Manescal da Costa, vê anulado, a partir dessa mesma altura, o privilégio da impressão da maior parte das leis e documentos oficiais da Academia Real da Historia. Apesar disso, a Imprensa Silviana ou a Regia Typographia Silviana, tal como passou a ser denominada pelos seus descendentes, manteve a sua prestigiada actividade até meados do século XIX e o mesmo sucedeu com um número bastante significativo de outras oficinas, algumas das quais criadas já para lá de 1768, o que nos permite admitir que a indústria do livro se tornara num investimento relativamente rendível, enquanto a publicação dos periódicos, que dava os primeiros passos, começava também a despertar algum interesse.
Por outro lado, apesar de todas as medidas do Governo – que limitavam a transmissão, por herança ou venda, das oficinas –, como foram, por exemplo, os casos da «Lei da Boa Razão» e a carta de lei sobre o provimento e serventia dos ofícios, bem como a restrição à impressão de muitas obras literárias através da publicação do Edital da Real Mesa Censoria, com excepção da cidade de Coimbra, que, depois da criação da Imprensa da Universidade, só em 1823 voltou a ter uma tipografia particular, fundada pelo padre Manuel Nunes da Fonseca, reitor da Sé Episcopal, basta ter em conta algumas das referenciadas oficinas tipográficas instaladas nos mais importantes centros impressórios do país – Lisboa e Porto – para darmos conta do florescimento das artes gráficas neste período.