Bibliografia: entre a literatura e a arte

Há dias, para juntar à minha biblioteca, chegou-me uma preciosidade inesperada.

Trata-se de Werther, uma obra datada do final do século XVIII, e uma das primeiras de Johan Wolfgang von Goethe – um texto sobre o qual foi lançada a dúvida sobre se terá, ou não, influenciado negativamente muitos dos seus leitores, ao ponto de poder ter sido determinante para a onda de suicídios que ocorreram depois da sua publicação.

Para além do primoroso texto, onde se adivinham muitos dos tiques de um romantismo emergente – uma edição de 1911, com tradução de João Teodoro Monteiro – esta aquisição tem uma relevância particular porque se trata de um verdadeiro objecto de arte.

 

Com uma encadernação revestida a tela pintada a óleo e o nome de Sophia Vianna gravado a ouro, como se de um título/legenda se tratasse, esta mesma obra de arte possui também a particularidade de estar envolta nalgum mistério: de quem será a pintura? Da própria Sophia ou de Alice Navarro, uma amiga que assina a dedicatória? Terá a vida amorosa de Sophia alguma coisa a ver com a de Carlota, uma das figuras centrais da narrativa? Dúvidas que não pretendemos que passem disso mesmo, e que, naturalmente, nunca dissiparemos.

 

Mas, ao percorrermos as suas páginas, surgem-nos outras incertezas que nos excitam a curiosidade.

Partindo do princípio que o nosso Manuel Teixeira Gomes, que tanto admirava Goethe, não deixaria de ler aquela que é considerada uma obra-prima da literatura europeia, uma nova questão se coloca:  até que ponto é possível descortinarmos neste romance epistolar, alguma da «memória inconsciente» do próprio autor das Cartas a Columbano.

Pois… É necessário lê-lo com atenção! E, já agora, ler também Manuel Teixeira Gomes.