Há 70 anos a Seara Nova homenageava Manuel Teixeira Gomes, rememorando os 25 anos da elevação da Vila de Portimão a Cidade.
Quando se aproxima a comemoração dos 160 anos do seu nascimento, será justo voltar a chamá-lo ao palco das notícias, para insistir, não tanto na sua efémera faceta de político, nem nos seus estafados dados biográficos, mas particularmente na importância de uma obra literária marcada pelas suas memórias conscientes e inconscientes. Conscientes quando sobretudo evoca os Regressos ao Agosto Azul do seu país e do seu Algarve; inconscientes quando traduz na Miscelânea ou no Carnaval Literário das suas crónicas e novelas a erudição que bebera na leitura dos seus autores preferidos.
E se Numa Cruzada em Busca do Belo é o indiscutível lema que estrutura as suas cartas e os seus solilóquios, esta poderá também constituir mais uma oportunidade para insistirmos na reflexão sobre a sua condição de esteta, mas também persistirmos
em fazer luz sobre as obras de arte que juntou ao longo da sua vida, e que, por razões incompreensíveis e mesquinhas, jazem na escuridão do túmulo do Museu da Vila que ele teimou em fazer Cidade.