Apesar de tudo, comparada a prisão que tinha constituído a sua passagem pela política, ao serviço do país, os antrazes que o haviam obrigado a permanecer na cidade de Tunes não lhe tinham roubado a possibilidade de viver um período luminoso, de magnífico prestígio estético, que considerava entre os melhores da sua vida. E aproveitava para mencionar o seu périplo pelo espólio do Museu do Bardo, nomeadamente por uma série importante de bronzes e mármores gregos, datados do século I a.C., que em 1910 haviam sido retirados do fundo do mar, mas que ainda não tinha tido ensejo de apreciar, como era o caso dos “anões ou anoas dançarinas” que lhe despertavam a atenção dado o seu extraordinário carácter e originalidade, referindo-se concretamente a um conjunto de três pequenas e grotescas estatuetas – uma espécie de bobo e duas mulheres em poses lascivas, cujo realismo se pode considerar surpreendente, dada a ousadia e o exibicionismo tão pouco vulgares na escultura grega que chegou aos nossos dias.